Foram dois anos de muita luta até que os dois jovens cantores conseguissem gravar o primeiro disco juntos. Em 1966, lançaram Saudade de Minha Terra pela RCA. A gravação só foi possível por causa da aposta de Nenete, produtor do álbum e cantor na dupla Nenete & Dorinho.
A gravação só foi possível por causa da aposta de Nenete, produtor do álbum e cantor na dupla Nenete & Dorinho.
Superou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. O carro-chefe do álbum foi a faixa-título. “Saudade de Minha Terra”, composta com Belmonte e Goiá, é inesquecível desde sua abertura, passando por sua letra poética e nostálgica em que os músicos falavam como a vida na cidade grande não se comparava à saudade que tinham do interior, onde havia maior contato com o campo, a natureza e com suas raízes de criação.
O sucesso da canção catapultou o nome de Belmonte & Amaraí para o estrelato da música. Conforme “Saudade da Minha Terra” era executada em rádios Brasil afora, em shows e ganhava versões por outras duplas da época, mais conhecidos eles se tornavam.
Viraram modelos a serem seguidos por quem também quisesse perseguir um tipo de música raiz mais moderna, com maior instrumentação e arranjos mais arrojados, rompendo com o que a música caipira de duplas como Tonico & Tinoco e referências ainda mais antigas como Capitão Furtado e João Pacífico.
A canção virou um hino que já foi regravado por cantores como Chitãozinho & Xororó, Sérgio Reis, Milionário & José Rico, Liu & Léu, Tião Carreiro & Carreirinho, Jackson Antunes, Chico Lobo, Michel Teló e vários outros.
Duplas como Matogrosso & Matias e Milionário & José Rico chegaram a afirmar que, juntas, as vozes de Belmonte e Amaraí eram imbatíveis.
Elas se combinavam e harmonizavam como nenhuma outra durante o curto tempo em que se apresentaram juntos. Eles tinham o costume de cantar em uníssono, fazendo com que parecesse apenas uma voz, mas mantinham também a tradição de uma voz principal mais alta e uma segunda voz cantando uma terça abaixo.
Mesmo com um disco de sucesso e uma música convertida em hino, os dois cantores se separaram e trilharam rumos diferentes.
Durante essa separação, Belmonte gravou com Miltinho Rodrigues. Em seguida, gravou seis clássicos da música raiz acompanhado apenas por orquestra e coral. Sem uma segunda voz, esse disco exibe toda a beleza e o potencial de sua voz.
Mas o cantor voltaria a fazer dupla com Amaraí para mais cinco discos. Lágrimas da Alma também saiu pela RCA, mas sem alcançar os números do primeiro lançamento. Os quatro seguintes foram lançados pela Chanteclaire: Te Amarei Toda Vida (1968), Boa Noite, Amor (1968), Sucessos (1969), Gente de Minha Terra (1972) e Porque Fui Te Conhecer (1972).
Além da música raiz e de um estilo mais moderno de sertanejo, Belmonte interpretou canções compostas por diversos outros músicos e duplas da época. Rancheras mexicanas e boleros também foram importados para dentro de seu repertório, assim como músicas românticas de nomes populares no país, como é o caso de “Meu Pequeno Cachoeiro”, de Roberto Carlos.
Aos 34 anos de idade, no dia 9 de setembro de 1972, fez um show em São Paulo e resolveu não ficar na capital. Dirigiu seu carro durante a noite toda de volta para o interior. Ia em direção à Barra Bonita, sua cidade natal, onde morava sua mãe e sua família, e o lugar que inspirou seu maior sucesso, “Saudade de Minha Terra”.
Contudo, Belmonte dormiu ao volante e o carro acabou colidindo com uma ponte na entrada de Santa Cruz das Palmeiras, há menos de 200 km de Barra Bonita.
Ainda estava vivo quando foi encontrado, mas muito ferido. Sangrava e sentia dores muito fortes. Foi socorrido e levado a um hospital nas imediações, mas Belmonte não sobreviveu à gravidade dos ferimentos.
Toda a obra de Belmonte está espalhada por noves álbuns de música e mais de 100 canções gravadas com Amaraí, Belmiro, Miltinho e solo.
Todas as gerações de cantores e duplas que vieram após Belmonte conheceram sua música e vários deles fizeram suas próprias versões de “Saudade de Minha Terra” tanto ao vivo quanto em estúdio, mantendo sua memória viva e seu legado reconhecido.
O cantor é o filho mais conhecido de Barra Bonita, uma estância turística no interior paulista famosa pela navegação fluvial e por sua bela orla. Mas fãs e admiradores da história da música raiz sabem que Belmonte nasceu na cidade e fazem questão de visitar seu túmulo no cemitério do município.
Apesar das várias homenagens que já recebeu ao longo dos anos, em 2022, ao completar 50 anos de sua morte, a prefeitura de Barra Bonita organizou um tributo de três dias ao cantor, com a presença de autoridades, admiradores locais e várias duplas sertanejas que realizaram grandes shows na cidade para honrar Belmonte.
Na noite de 25 de novembro, uma estátua de bronze em tamanho real foi inaugurada na praça do Hotel Municipal, em plena orla turística. Ao lado da estátua, foi instalada uma placa comemorativa com toda a letra do hino “Saudade de Minha Terra”.